sexta-feira, 2 de julho de 2010

Muito velho pro Rock'n'roll. Muito jovem pra morrer.



Muito velho pro Rock'n'roll. Muito jovem pra morrer.

"Vai ter com o Niemeyer, ó preguiçoso! Olha para os seus caminhos e sê sábio!!!"
O grito áspero de Deus, diretamente da garganta proverbial do Salomão atordoou os meus sentidos debilitados, ecoando dentre os 500 e tantos recantos cavernosos da minha alma naquela fatídica manhã deserta de um dia qualquer.
Uma repreensão. Sim. Dura, violenta como o estrépito do trovão, mas paradoxalmente paternal. Um tapa na minha cara destituída de óleo de peroba, com o claro e divino propósito de abalar minhas estruturas de aposentado semimorto. Me empurrar pro ringue.
Aliás, o que é isso? Como pode alguém que sempre alfinetou as duas bandas de bundas murchas, sugadas até certo ponto por um amontoado de horas, meses, cacetes, assédios moral e semanas anotadas num cartão de ponto perfurados pelo honorável sr. Getúlio. Bundas estas cobertas por um tecido geralmente branco, fino, em forma de uma lamentável bermuda cujos canos moles entubam um par de pernas finas, tatuadas naturalmente por linhas veias azuladas permeadas por uma penugem rala e que se esvaem até às ridículas sandálias de salto, evolução das franciscanas e que terminam suas heróicas jornadas em deprimentes copos sujos ou jogo de damas em praças ipatinguenses, e agora estar - como eles - ansiando que o jornal da manhã atravesse toda a tarde do território brasileiro e que a hora de dormir seja antecipada para que não reste mais tempo para o despertar do sono?
Ora, qual é meu rapaz! Doce é o sono do trabalhador. Aprazíveis os feriados emendados e remendados. Um bálsamo a dissipar a canseira, que certamente voltará depois...
E as férias? Um orvalho, refrigério sobre a vegetação rasteira de uma temporada de horas extras!
Ora! Navegar é preciso, morrer não é preciso...

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